Matéria do Estado de Minas
Maior fenômeno da indústria fonográfica dos anos 1970, Secos & Molhados ficaram para sempre na história.
“Nem secos, nem molhados”, dispara, em boa hora, Gerson Conrad, de 60 anos, na canção Direto Recado, com a qual batiza a sua mais recente turnê, ao lado da Banda Trupi. “Talvez fosse melhor/ Deixar que vivesse o mito”, prossegue o cantor, compositor e violonista, que parece querer aproveitar os 40 anos dos Secos & Molhados – a serem comemorados ano que vem – para exorcizar o peso do maior fenômeno da indústria fonográfica brasileira, que ainda o persegue e aos companheiros João Ricardo, de 62, e Ney Matogrosso, de 70.
Integrantes da segunda e mais clássica formação do grupo pop, que chegou a vender 300 mil cópias do primeiro disco, de 1973, em apenas dois meses, Gerson, João Ricardo e parceiros legaram ao cancioneiro brasileiro clássicos como O Vira – que conquistou inclusive o segmento infantil, até então solenemente ignorado pela indústria fonográfica tupiniquim –, Rosa de Hiroshima, Sangue Latino e Assim Assado, que, na interpretação memorável de Ney, continuam fazendo história. Que o diga o próprio João Ricardo, detentor da marca oficial, que está de volta ao palco e disco, agora em duo com o guitarrista Daniel Iasbeck, de 33 anos.Trata-se da sexta formação do grupo, originalmente formado pelo compositor e instrumentista em 1971, ao lado de João Carlos e Fred. Dois anos depois, o mesmo João Ricardo se juntaria, também em trio, a Gerson Conrad e Ney Matogrosso para protagonizar o fenômeno fonográfico, agregando ao sucesso os companheiros e instrumentistas Marcelo Frias (bateria e percussão), Emilio Carrera (piano e órgão), Sérgio Rosadas (flauta), John Flavin (guitarra) e Willy Verdaguer (baixo). Entre 1977 e 1978, João ainda formaria um quinteto sob o mesmo nome (João Ricardo, Lili Rodrigues, Wander Tosh, João Ascensão e Gel Fernandes), reduzido a quarteto dois anos depois (Cesar Lampé, Roberto Lampé, Carlos Amantor e o próprio João Ricardo).
Integrantes da segunda e mais clássica formação do grupo pop, que chegou a vender 300 mil cópias do primeiro disco, de 1973, em apenas dois meses, Gerson, João Ricardo e parceiros legaram ao cancioneiro brasileiro clássicos como O Vira – que conquistou inclusive o segmento infantil, até então solenemente ignorado pela indústria fonográfica tupiniquim –, Rosa de Hiroshima, Sangue Latino e Assim Assado, que, na interpretação memorável de Ney, continuam fazendo história. Que o diga o próprio João Ricardo, detentor da marca oficial, que está de volta ao palco e disco, agora em duo com o guitarrista Daniel Iasbeck, de 33 anos.Trata-se da sexta formação do grupo, originalmente formado pelo compositor e instrumentista em 1971, ao lado de João Carlos e Fred. Dois anos depois, o mesmo João Ricardo se juntaria, também em trio, a Gerson Conrad e Ney Matogrosso para protagonizar o fenômeno fonográfico, agregando ao sucesso os companheiros e instrumentistas Marcelo Frias (bateria e percussão), Emilio Carrera (piano e órgão), Sérgio Rosadas (flauta), John Flavin (guitarra) e Willy Verdaguer (baixo). Entre 1977 e 1978, João ainda formaria um quinteto sob o mesmo nome (João Ricardo, Lili Rodrigues, Wander Tosh, João Ascensão e Gel Fernandes), reduzido a quarteto dois anos depois (Cesar Lampé, Roberto Lampé, Carlos Amantor e o próprio João Ricardo).
Afinidades
De volta ao quinteto entre 1987 e 1988 (Tôto Brazil, Edinho, Fernando, Ninho e João Ricardo), de 1988 até 1990, João experimentou a formação em duo (com Tôto Brazil) à qual ele volta agora com o guitarrista Daniel Iasbeck, que é natural de Juiz de Fora (MG). Avesso a entrevistas sobre os Secos & Molhados, João alega não gostar de falar da formação de maior sucesso do grupo por causa de “experiência terrível” do gênero. Segundo ele garante, musicalmente o atual duo Secos & Molhados é tão bom quanto o trio de 1973 – 1974. “Daniel é tão bom quanto o Ney, superando-o ele tecnicamente, inclusive”. A afinidade com o novo integrante, no entanto, é tão grande quanto a que existiu entre ele e Ney Matogrosso.
Com o atual companheiro de grupo, João Ricardo lançou o CD Chato boy, de uma única faixa, de 30 minutos de duração e de estética que julga diferente. “Para um cara da minha idade, não se trata de nenhum clichê. Também não é mais do mesmo”, reforça a tese, garantindo só ter retomado a marca porque ela lhe é cara. “Ela foi vilipendiada na época, tentaram destruí-la”, afirma João, admitindo que o sucesso de uma formação independente como aquela se deve única e exclusivamente a ela mesmo, já que ele, Gerson e Ney entregavam tudo pronto à gravadora (Continental). O retorno dos Secos & Molhados, diz, tem tido receptividade deslumbrante. “Não sei se estamos certos, não estamos preocupados com isso. Gostaríamos apenas que fosse bom para as pessoas”, conclui.
Exorcismo
Com o atual companheiro de grupo, João Ricardo lançou o CD Chato boy, de uma única faixa, de 30 minutos de duração e de estética que julga diferente. “Para um cara da minha idade, não se trata de nenhum clichê. Também não é mais do mesmo”, reforça a tese, garantindo só ter retomado a marca porque ela lhe é cara. “Ela foi vilipendiada na época, tentaram destruí-la”, afirma João, admitindo que o sucesso de uma formação independente como aquela se deve única e exclusivamente a ela mesmo, já que ele, Gerson e Ney entregavam tudo pronto à gravadora (Continental). O retorno dos Secos & Molhados, diz, tem tido receptividade deslumbrante. “Não sei se estamos certos, não estamos preocupados com isso. Gostaríamos apenas que fosse bom para as pessoas”, conclui.
Exorcismo
Autor do Direto Recado, por meio do qual exorciza a própria participação no grupo, Gerson Conrad diz se sentir “um cara afortunado pela sorte” ainda hoje, por ter integrado o grupo. “O que me entristece é ver companheiros como João Ricardo negando fatos já publicados e republicados”, afirma o cantor, compositor e instrumentista, para quem o que João mais parece querer fazer é “matar o mito”. “Orgulho-me da formação única, mágica e original da qual fiz parte entre 1973 e 1974”, resume Gerson Conrad, criticando o fato de João Ricardo negar até hoje a gravação de Voo para a trilha da peça Corpo a corpo, de Antunes Filho, em novembro de 1971.
“Ele (João Ricardo) insiste em negar isso, o que me aborrece profundamente”, desabafa Gerson Conrad, para quem Ney e ele evoluíram espiritualmente, enquanto João prefere guardar mágoa e rancor. Para ele, “Ney Matogrosso teria sido Ney Matogrosso independentemente dos Secos & Molhados”. E diz: “O que me entristece é ver João Ricardo se remoendo. Vamos deixar que ele viva, tirar proveito dele. Depois da experiência no trio, Conrad gravou em duo com Zezé Motta o disco Trem noturno, de 1975, que teve relançamento em CD em 2004.
Já em 1981, gravou e lançou o solo GC, pela Continental, que também ganhou relançamento, agora sob o título Rosto Marcado. Ao lado da Banda Trupi, formada por Aru Junior (guitarra e vocal), Márcio Spíndola (baixo), Flávio Franco Araújo (teclado) e Carlinhos Machado (bateria e vocal), Gerson (voz, violão e composições) faz shows com sucessos dos Secos & Molhados, além das novas criações.
“Ele (João Ricardo) insiste em negar isso, o que me aborrece profundamente”, desabafa Gerson Conrad, para quem Ney e ele evoluíram espiritualmente, enquanto João prefere guardar mágoa e rancor. Para ele, “Ney Matogrosso teria sido Ney Matogrosso independentemente dos Secos & Molhados”. E diz: “O que me entristece é ver João Ricardo se remoendo. Vamos deixar que ele viva, tirar proveito dele. Depois da experiência no trio, Conrad gravou em duo com Zezé Motta o disco Trem noturno, de 1975, que teve relançamento em CD em 2004.
Já em 1981, gravou e lançou o solo GC, pela Continental, que também ganhou relançamento, agora sob o título Rosto Marcado. Ao lado da Banda Trupi, formada por Aru Junior (guitarra e vocal), Márcio Spíndola (baixo), Flávio Franco Araújo (teclado) e Carlinhos Machado (bateria e vocal), Gerson (voz, violão e composições) faz shows com sucessos dos Secos & Molhados, além das novas criações.
Direto Recado
De Gerson Conrad
Como diz o velho ditado
Em boca fechada
Não entra mosquito
E também não será conflito
Que possa deixá-los preocupados
Talvez fosse melhor
Deixar que vivesse o mito
Tentem uma só vez
Deixar o rancor de lado
Já não temos que ser
Nem secos, nem molhados
Este é o meu direto recado
Meus caros amigos
De Gerson Conrad
Como diz o velho ditado
Em boca fechada
Não entra mosquito
E também não será conflito
Que possa deixá-los preocupados
Talvez fosse melhor
Deixar que vivesse o mito
Tentem uma só vez
Deixar o rancor de lado
Já não temos que ser
Nem secos, nem molhados
Este é o meu direto recado
Meus caros amigos
Ailton Magioli - Em Cultura - Maio 2012.
A separação prematura dos Secos & Molhados, de longe, a banda brasileira com maior potencial de fazer mega sucesso mundial (em inglês, naturalmente), ocorreu por divergências financeiras. Imagino que João Ricardo (na época, um jovem talentoso, mas irreverente) não teve sua carreira bem conduzida por um empresário profissional. Ele teve a chance de se tornar um artista multimilionário e jogou fora. Uma pena.
ResponderExcluirEra tão pequeno quando o Secos & Molhados estourou e nunca mais esqueci. Pra mim o melhor grupo de todos os tempos
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